Análise: a derrocada da linha 315, a ascensão da linha 361 e a ineficiência da SMTR em solucionar o problema
Análise: a derrocada da linha 315, a ascensão da linha 361 e a ineficiência da SMTR em solucionar o problema

Análise: a derrocada da linha 315, a ascensão da linha 361 e a ineficiência da SMTR em solucionar o problema

Enquanto a linha 315 cai em consequência da crise na Real Auto Ônibus, a linha 361 vê demanda crescer diariamente.

Foto/Colagem: Gabriel Petersen Gomes

Não é novidade que quem anda pelas ruas do Rio já deve ter reparado que os ônibus da Real Auto Ônibus estão sumindo cada vez das ruas, ou então até sofrendo pane elétrica e pegando fogo. A empresa, que já foi uma das maiores da cidade, vem passando por sucessivos problemas tanto interno quanto externos em todas as suas linhas, e um dos principais deslocamentos entre o Centro do Rio e a Zona Sudoeste via Linha Amarela está praticamente escasso por conta disso. É a linha 315, que liga o Recreio dos Bandeirantes até a Central do Brasil.

Ônibus da Redentor na linha 361. Com a crise na linha 315, a demanda da linha cresce ainda mais, mesmo com limitação operacional. Foto: Gabriel Petersen Gomes

Em contrapartida, a principal concorrente da linha, a linha 361, que vai além da Central do Brasil e segue até a região do Castelo, está vendo a demanda aumentar a cada dia que se passa, mesmo com limitações de operação.

A análise dos fatos:

O agravamento da crise na 315 e a migração de passageiros para a 361

Do último dia 24 de Novembro para cá, a situação se agravou ainda mais. Ao passo que a linha 361 começou a ganhar mais passageiros, saltando da média de 6.000 passageiros diários para 8.500, enquanto a linha 315 começou a decair vertiginosamente, da média de 6.600 para 4.100 passageiros.

Dados obtidos do painel de carregamento diário da Secretaria Municipal de Transportes mostram, em números, a derrocada da 315 e a ascensão da 361. Num comparativo de 30 dias contados da data da publicação desta matéria para trás, a demanda diária da 315 caiu 40,02%, enquanto a da 361, mesmo rodando apenas em dias úteis, já cresceu 23,37%.

Comparativo de demanda diária entre as linhas 315 (imagem 1) e 361 (imagem 2), evidenciando a derrocada da primeira. Foto: Reprodução dashboard SMTR

A situação se agrava nos finais de semana. A linha 361 não tem viagens programadas, o que acaba forçando a utilização da linha 315, mas com o somatório da crise mais os cortes de viagem feitas pelo município acaba piorando a situação.

Ônibus da Real na linha 315. Aos finais de semana, o intervalo tem chegado a 40 minutos, e o último ônibus saindo da Central do Brasil às 19:30. Foto: Gabriel Petersen Gomes

Aos sábados, a 315 tem 60 viagens programadas nos dois sentidos, com intervalo médio de 16 minutos, e aos domingos, 40 viagens, o que gera um intervalo médio de 23 minutos. Mas segundo medições feitas pelo próprio município, o intervalo da linha chega a 40 minutos. E o último ônibus tem saído da Central do Brasil às 19:30, retornando do Recreio às 21:10.

Crise exposta, soluções ausentes

A TV Globo vem, há semanas, fazendo reiteradas matérias para os telejornais do Rio (Bom Dia Rio, RJ1 e RJ2) denunciando as péssimas condições dos ônibus da Real, em especial na linha 112 (Terminal Gentileza x Alto Gávea). Ao ponto de ser flagrado em reportagem desta semana, um ônibus enguiçado da linha na alça de acesso ao Elevado e Avenida Paulo de Frontin, na Cidade Nova.

E em todas as matérias, quando questionada, a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) sempre responde que fiscalizações são feitas e que os ônibus com problemas, principalmente no ar-condicionado, tem o subsídio cortado e são recolhidos. Mas na prática, o que se vê são ônibus da empresa circulando ainda sem ar-condicionado, com péssimas condições de circulação e nenhum plano efetivo do poder público para amenizar os perrengues dos usuários.

Desde o agravamento da crise na Real Auto Ônibus, que iniciou após a empresa mantenedora – a Rodobravo Transportes – comprar a Transportes Vila Isabel, várias linhas saíram de circulação, dentre elas:

  • 105 – Central x Alto Gávea (via Botafogo)
  • 181 – Santo Cristo x São Conrado (via Linha Amarela)
  • SP315 – Vila do João x Recreio
  • 443 – Vila do João x Leblon (via Túnel Santa Bárbara)
  • 444 – Vila do João x Jardim de Alah (via Túnel Santa Bárbara)

E para completar, a empresa se viu obrigada a se mudar da garagem na Avenida Brasil, próximo à Vila do João, após, segundo informações obtidas pelo Portal Flumibuss RJ, a mesma ter sido penhorada pela Justiça para pagamento de credores. E agora, além de dividir espaço com a Transportes Vila Isabel, ainda utiliza o Terminal Gentileza e outros pontos como “garagem” dos ônibus.

Ônibus da Real Auto Ônibus estacionados no Terminal Gentileza. Sem garagem, a empresa tem usado o terminal e outros pontos próximos como “garagem”. Foto: Gabriel Petersen Gomes

2 comentários

  1. Não sei se apenas má administração, se o enorme passivo com o qual tem que lidar desde a liderança do consórcio Intersul, ou uma combinação de ambos. Mas é fato que a Real está na lona, segurando a mão da Vila Isabel, que ainda não acabou sabe-se lá por quê e, que curioso, para elas o consórcio Intersul não organiza nenhum plano de apoio, de entrar com frota em algumas linhas delas enquanto elas ajeitam o que pode e circulam apenas com carros em condições de operação, certamente bem poucos no momento.
    O consórcio Transcarioca já deu um jeito aumentando o efetivo da 361 durante a semana – se chamamos a circulação de uma linha de “carrossel”, a 315 sozinha aos finais de semana está um “trem fantasma” -, mas a gente não vê isso numa 309, primeiro porque é só a 309 (não tem uma linha de “backup”, como a 361 é para a 315), e segundo porque a maior parte da operação da 309 é justamente sobre a área do Intersul.
    Como você bem lembrou, é mais que hora de a SMTR da Prefeitura intervir e fazer o que os consórcios já deveriam estar fazendo.

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