Dados obtidos a partir do levantamento de frota com base nos dados de GPS da Prefeitura mostra que um pouco mais de 5% da frota ainda não tem ar.
Foto: Gabriel Petersen Gomes
Após anos de promessas e prazos prorrogados, a climatização da frota de ônibus do Rio de Janeiro parece, enfim, estar perto de ser concluída. Levantamento exclusivo do Portal Flumibuss RJ, com base nos dados de GPS cruzando com as informações que o site disponibiliza através da seção Relações de Frota mostra que ainda circulam 215 ônibus sem ar-condicionado pelas ruas da cidade — o que representa pouco mais de 5% da frota total em operação.
Mas esses 215 ônibus sem ar-condicionado já tem prazo de validade: a partir de 1º de novembro de 2025, os ônibus que não forem climatizados deixarão de receber o subsídio municipal. A medida foi estabelecida a partir do novo acordo judicial firmado entre o município, o Ministério Público e os consórcios de ônibus e que definiu, também, que alguns contratos de concessão serão abreviados, com base no Índice de Qualidade do Transporte (IQT), que é uma combinação de 7 fatores relativos ao transporte público.

São 94,68% das viagens realizadas em ônibus com ar-condicionado. Há de se registrar que vários casos em que ônibus circulam com o ar-condicionado desligado, como em ônibus da Transportes Vila Isabel, mas, ainda assim, são contabilizadas como viagens climatizadas. A Prefeitura do Rio estabeleceu, a partir do novo acordo judicial um novo marco definitivo: previsto no contrato de concessão. Isso significa que, na prática, manter veículos sem refrigeração poderá se tornar financeiramente inviável para as empresas.
A medida acelera um processo que se arrasta desde 2014, quando a climatização da frota passou a ser uma exigência para os novos ônibus que entrassem no sistema. Com a crise do sistema, onde 18 empresas fecharam as portas em 9 anos, e a queda no número de passageiros ao longo dos anos, principalmente durante o período da pandemia, o compromisso foi sendo adiado e objeto de várias disputas judiciais ao longo dos anos. Agora, com o avanço do subsídio e o novo acordo firmado em Abril, a expectativa é de que os últimos veículos sem ar sejam retirados de circulação até o fim do ano.
Sete empresas ainda tem ônibus sem ar condicionado
Das 27 empresas atuais que operam no sistema, 7 ainda possuem ônibus sem ar-condicionado. Em números totais, a Transportes Futuro é a que possui maior número de ônibus sem ar rodando. São 77 ônibus sem climatização de fábrica, o que representa 33,92% das viagens realizadas pela empresa.
Proporcionalmente falando, a empresa com o pior percentual de climatização é a Transportes Paranapuan. Da frota atual de 88 veículos, 33 veículos ainda circulam sem ar-condicionado. São 37,5% de viagens realizadas em ônibus sem ar-condicionado de fábrica.

Por outro lado, 20 operadoras já operam com 100% da frota climatizada, como a Auto Viação Tijuca, a Transportes Vila Isabel e a Viação Nossa Senhora de Lourdes.
A expectativa é que, até o fim do segundo semestre, os ônibus com ar-condicionado deixem de ser exceção para, finalmente, se tornarem a regra definitiva nas ruas do Rio.
Veja o quantitativo por empresa e o percentual de climatização:
Empresa | Frota com ar | Frota sem ar | Frota total | Percentual de climatização |
---|---|---|---|---|
Paranapuan | 55 | 33 | 88 | 62,50% |
Vila Real | 135 | 0 | 135 | 100,00% |
Recreio | 76 | 0 | 76 | 100,00% |
Normandy | 22 | 0 | 22 | 100,00% |
Barra | 231 | 35 | 266 | 86,84% |
Palmares* | 181 | 5 | 186 | 97,31% |
Matias | 111 | 0 | 111 | 100,00% |
Caprichosa | 213 | 0 | 213 | 100,00% |
Vila Isabel | 32 | 0 | 32 | 100,00% |
Ideal | 143 | 0 | 143 | 100,00% |
Braso Lisboa | 139 | 0 | 139 | 100,00% |
Futuro | 150 | 77 | 227 | 66,08% |
VG | 110 | 3 | 113 | 97,35% |
Pavunense | 249 | 0 | 249 | 100,00% |
Real | 139 | 11 | 150 | 92,67% |
Três Amigos | 136 | 0 | 136 | 100,00% |
Redentor | 332 | 51 | 383 | 86,68% |
Alpha | 109 | 0 | 109 | 100,00% |
Tijuca | 144 | 0 | 144 | 100,00% |
Novacap | 139 | 0 | 139 | 100,00% |
Campo Grande | 167 | 0 | 167 | 100,00% |
Lourdes | 96 | 0 | 96 | 100,00% |
Gire | 93 | 0 | 93 | 100,00% |
Verdun | 72 | 0 | 72 | 100,00% |
Graças | 83 | 0 | 83 | 100,00% |
Transurb | 115 | 0 | 115 | 100,00% |
Jabour | 354 | 0 | 354 | 100,00% |
Total | 3826 | 215 | 4041 | 94,68% |
Novo modelo de concessão prevê lotes estruturais e locais, ônibus com piso-baixo e a volta da padronização
Em coletiva realizada na manhã desta quarta-feira, 28, o Prefeito do Rio, Eduardo Paes, apresentou os detalhes da transição para os novos contratos de concessão, estabelecidos a partir do acordo firmado em 30 de Abril. No lugar dos 4 atuais consórcios, será definido 31 lotes, para aumentar a concorrência entre as empresas, divididos em 5 fases de transição.
Serão:
- 22 lotes estruturais – que ligam este com outras regiões da cidade
- 9 lotes locais – que fazem a ligação entre os bairros do mesmo lote

Além disso, foi apresentado o novo layout de ônibus do modelo básico – o que equivale aos ônibus convencionais de motor dianteiro. A partir de agora, deverá ter piso-baixo, para garantir a mobilidade de pessoas com problemas de locomoção, e além disso, uma nova padronização visual está em desenvolvimento e será única para toda a cidade. Além disso, haverá ônibus menores, mas de piso-alto (mini e midiônibus), para operações pontuais.
A Prefeitura prevê renovar toda a frota em 3 anos, com acréscimo previsto de 25% na frota operante da cidade, atualmente em 4.041 ônibus.
