Destas, a maior parcela de multas foram registradas em linhas do Consórcio Santa Cruz. Teve caso de empresa toda ser multada. No entanto, só a multa parece não dar certo.
Foto: Gabriel Petersen Gomes
Em dois dias após a fiscalização por GPS automático ser ampliada de 100 para 294 linhas da cidade, os números impressionam: Dados da Secretaria Municipal de Transportes mostram que das 294 linhas monitoradas, 234 foram multadas em dois dias, o que representa 79,6% do total de linhas monitoradas. Foram 229 na terça-feira e mais 5 nesta quarta. Estas 234 linhas multadas, no total, geraram 890 infrações.
Esta ampliação do monitoramento por GPS faz parte dos esforços da Prefeitura em salvar o sistema de transporte por ônibus do colapso cada vez mais iminente e sem nenhuma perspectiva de melhora à curto prazo. As reclamações são constantes,
Uma empresa foi totalmente multada:
É inegável que, com a pandemia do novo coronavírus, as empresas, diante da diminuição de passageiros, tenham diminuído a quantidade de ônibus ofertados. Mas com a retomada das atividades presenciais em vários segmentos (escritórios, escolas, etc), mais passageiros voltaram a utilizar os ônibus da cidade. Dados da própria Prefeitura mostram que, de Janeiro à Setembro deste ano, houve um aumento de 11,1% no número de passageiros, embora entre Agosto e Setembro, tenha havido uma diminuição de 1,3%.
A Rodoviária Matias, por exemplo, desde a primeira etapa de monitoramento, iniciada em Outubro, vem sendo seguidamente multada praticamente todos os dias porque está operando as suas três linhas ativas abaixo do aceitável pela Prefeitura, que é de 80%. Veja os casos registrados ontem, dia 17:
- Linha 232: Frota aceitável = 26 ônibus; Frota encontrada = 24 ônibus;
- Linha 249: Frota aceitável = 22 ônibus; Frota encontrada = 21 ônibus;
- Linha 606: Frota aceitável = 32 ônibus; Frota encontrada = 29 ônibus;
Cabe lembrar que, por contrato, os operadores têm de disponibilizar 80% da frota determinada, independente do horário.
A linha que mais carrega da cidade segue sendo multada:
Há bastante tempo, a linha 864 – Bangu x Campo Grande, segue tendo as alcunhas da “linha que mais carrega na cidade do Rio”, transportando, 800 mil passageiros mensais (dados de Setembro deste ano da Prefeitura) e da “linha com o menor intervalo na cidade”, muitas das vezes, não demorando nem 5 minutos para passar no ponto. Porém,
Mesmo a 864 tendo registrado uma quantidade de ônibus acima do aceitável para ela, de 48 ônibus, logo após às 05h30min da manhã, o número volta a cair para o abaixo do determinado.
Além da 864, outras linhas da Jabour seguem sendo multadas pelo novo sistema, são elas:
- 769 – Jardim Violeta x Madureira (inoperante – mas tendo como opção, a linha 918)
- 814 – Rio da Prata x Bangu (inoperante)
- 834 – Campo Grande x Avenida Alhambra (inoperante)
- 835 – Campo Grande x Largo do Correia (10 de 15 ônibus)
- 836 – Campo Grande x Caboclos (inoperante)
- 845 – Campo Grande x Cantagalo (não foi localizado no GPS da Prefeitura, mas segue em operação)
- 851 – Campo Grande x Escola Amazonas (via Vasconcelos) (inoperante)
- 853 – Vila Kennedy x Mato Alto (3 de 8 ônibus)
- 854 – Campo Grande x Ilha de Guaratiba (via Cachamorra) (inoperante)
- 855 – Bangu x Magarça (inoperante)
- 866 – Campo Grande x Pedra de Guaratiba (7 de 10 ônibus)
- 874 – Marambaia x Ilha de Guaratiba (inoperante)
- 883 – Bangu x Mato Alto (via Cachamorra) (3 de 7 ônibus)
- 897 – Paciência x Pingo d’Água (9 de 15 ônibus)
- 918 – Bangu x Bonsucesso (28 de 44 ônibus)
Só multar parece não adiantar:
Dados da própria SMTR mostram que as multas nem são o problema para as empresas, que acabam ficando com a “má-fama” perante a população de “mandarem mais do que o poder concedente”. De 3.883 multas pagas em 2021, apenas 1,7% delas (ou seja: 66 multas) foram efetivamente pagas. O que representou uma entrada de, pouco mais de, R$ 96 mil.
Destas 3.883 multas, a Prefeitura do Rio ainda não viu a renda de 85% delas entrar nos cofres públicos. Seriam mais R$ 4,67 milhões a entrar. Porém, as empresas de ônibus recorrem do pagamento, por alegarem que não estão com condições de pagá-las.
Em Janeiro de 2022, uma nova etapa de fiscalização será implementada, com a adição dos últimos 20% de linhas faltantes, incluindo os executivos. Além disso, a Secretaria Municipal de Transportes estuda a ampliação da fiscalização automática pelo GPS para os finais de semana e feriados, onde o exigido é menor do que nos dias úteis (50% aos sábados, 40% aos domingos e feriados).
Você viu aqui conosco que a Viação Redentor e a Transportes Barra estão desrespeitando este limite dos finais de semana, inclusive retirando linhas de circulação. Nós fizemos a denúncia, mas relatos de passageiros indicam que as duas seguem desrespeitando o contrato e seguindo com a mesma prática.
Todos estes dados apresentados pelo Portal Flumibuss RJ estão disponíveis para a população consultar e acompanhar na página da Secretaria. O link pode ser acessado clicando aqui.
Tentamos, mais uma vez, entrar em contato com a Rio Ônibus para saber o que as empresas de ônibus estão fazendo para cumprir com o que é determinado pela Prefeitura. Mas, mais uma vez, não fomos atendidos. O Portal Flumibuss RJ seguirá dando espaço para o sindicato das empresas se manifestar.