O legado dos 5 anos do VLT Carioca
O legado dos 5 anos do VLT Carioca

O legado dos 5 anos do VLT Carioca

Inaugurado como um legado para as Olímpiadas do Rio, em 2016,

Há exatos 5 anos, no dia 05 de Junho de 2016, dia mundial do Meio Ambiente, na Praça Mauá, era inaugurado pelo então prefeito (e reconduzido ao cargo) Eduardo Paes inaugurava o Veículo Leve sobre Trilhos, ou VLT. O Portal Flumibuss RJ esteve na inauguração e gravou o discurso de Paes, reveja no vídeo abaixo, disponível também em nosso canal no Youtube:

De 5 anos para cá, muita coisa mudou. O VLT deu uma outra cara à região central, abrindo possibilidades de integração, como, por exemplo, um acesso mais fácil ao Aeroporto Santos Dumont.

Atualmente, o sistema conta com 26 paradas (pontos abertos) e 3 estações (Central, Praça XV e Rodoviária), distribuídos pelas 3 linhas, muitas das vezes, compartilhando trechos:

  • Linha 1: Praia Formosa ↔ Santos Dumont (via Praça Mauá)
  • Linha 2: Praia Formosa ↔ Praça XV (via Central / Tiradentes)
  • Linha 3: Central ↔ Santos Dumont (via Marechal Floriano)

Ao longo de todo o período, mais de 73 milhões de passageiros foram transportados e mais de 760 mil viagens realizadas em um total de 4 milhões de quilômetros percorridos.

Segundo a concessionária, as paradas mais movimentadas do sistema são:

  • Cristiano Ottoni – Pequena África e Central (Linhas 2 e 3), pontos de integração entre trens, ônibus, Metrô e VLT;
  • Cinelândia e Carioca (Linhas 1 e 3), pontos de integração entre Metrô e VLT;
  • Praça XV (Linha 2), ponto de integração entre VLT e Barcas;
  • Rodoviária (Linhas 1 e 2) e Santos Dumont (1 e 3), pontos de entrada e saída da cidade.

Além destas, a conexão Colombo – 7 de Setembro (Linha 2 ↔ Linhas 1 e 3) também é um dos locais mais movimentados do sistema, o que reforça os deslocamentos internos no Centro.

Todos esses números foram alcançados mantendo o foco na sustentabilidade. A energia elétrica que move os trens é toda adquirida de fontes renováveis (usinas eólicas, solares e biomassa). Com isso, são mais de 8 toneladas de emissão de gases do efeito estufa evitadas anualmente na atmosfera com a redução de carros no Centro do Rio.

A tarifa atual do sistema é a mesma praticada desde a inauguração: R$ 3,80. Nos reajustes que teve para os transportes municipais para R$ 3,95 e R$ 4,05, o sistema optou por não reajustar.

Uma nova cara no Centro Nervoso

Quem é carioca raiz, deve lembrar da Avenida Rio Branco e suas 6 faixas. Mas com a construção do VLT, 3 faixas sucumbiram e foram ocupados pelos trilhos do bonde moderno. Veja o comparativo com o antes e depois da construção do modal:

Fotos: Reprodução Google Street View

Para a chegada do VLT, houve uma mudança geral no sentido de várias ruas da região, como o binário Rua da Carioca → Avenida Nilo Peçanha / Rua da Assembleia, que passou a operar no sentido Praça Tiradentes → Avenida Antônio Carlos. A mudança foi feita devido ao fechamento de um trecho da Avenida Rio Branco e a transformação em um calçadão, que, aliado ao bondinho, seria um grande atrativo aos prédios históricos do trecho. Porém, o que se vê até hoje é um cenário de abandono, com muitos moradores de rua, pouco movimento e uma sensação de insegurança principalmente ao anoitecer e aos finais de semana, mesmo com as equipes do Centro Presente patrulhando a região.

Ao longo desse tempo, havia o temor de que com a grande movimentação de pessoas, pudesse ocorrer muitos acidentes, mas a segurança provou ser um valor fundamental e mesmo em um Centro muitas vezes de grande circulação de carros e pessoas, o número de incidentes se manteve reduzido. 

Na Zona Portuária, o VLT virou a única opção de deslocamento

Como nem tudo na vida são flores, o VLT acabou virando a única opção de deslocamento para moradores e trabalhadores da região, pois na época que o modal foi inaugurado, a cidade estava passando pelo tão temido processo de racionalização das linhas de ônibus. Pela região do Santo Cristo e Gamboa, circulava, com destino à Zona Sul, as linhas:

  • 110 – Rodoviária x Leblon, via Túnel Rebouças;
  • 111 – Rodoviária x Leblon, Expresso – via Túnel Rebouças;
  • 123 – Rodoviária x Jardim de Alah (via Praça Mauá;
  • 126 – Rodoviária x Copacabana, via Túnel Santa Bárbara;
  • 127 – Rodoviária x Copacabana, via Aterro;
  • 170 – Rodoviária x Gávea, via Largo do Machado
  • 173 – Rodoviária x Leblon, via Túnel Santa Bárbara;
  • 178 – Rodoviária x São Conrado, via Santo Cristo e Largo do Machado;
  • 180 – Central x Cosme Velho, via Gamboa;
  • 442 – Maré x Copacabana, via Santo Cristo;
  • 443 – Maré x Leblon, via Central;
  • 444 – Maré x Copacabana, via Túnel Santa Bárbara
A linha 178 foi uma das que desapareceram na região Portuária da cidade, não tendo, praticamente, nenhuma substituta após a racionalização. Foto: Gabriel Petersen Gomes | Acervo Portal Flumibuss RJ.

A linha 110 foi desviada: só atende a região do Santo Cristo, no sentido Leblon. No sentido Rodoviária, segue pela Avenida Presidente Vargas; A linha 111 foi encurtada na Central do Brasil; As linhas 123, 126, 127, 170, 173, 178 e 180 foram todas substituídas pelas linhas Troncais e, no caso da linha 173, pela linha 112 – Rodoviária x Alto Gávea, via Túnel Rebouças, enquanto que as linhas 442, 443 e 444 foram desativadas. A alegação dada à época, foi que os passageiros podem utilizar as linhas do sistema e fazer a integração ao longo da Avenida Rio Branco.

Além disso, outras linhas que, antes paravam nas ruas internas do Centro, foram deslocadas para a Avenida Presidente Vargas, nos arredores da parada Candelária do VLT, para que os passageiros possam fazer a integração, como é o caso das linhas do grupo Redentor, que antes paravam na Praça XV, e da linha 363, que saía da Vila Valqueire, na Zona Oeste do Rio, até o Centro, passando pelo Grande Méier. Tais mudanças contribuíram para a desordem na região, o que nunca foi regularizado pela municipalidade.

O futuro do VLT:

Segundo o presidente do VLT Carioca, Marcio Hannas, o modal será fundamental na revitalização da área central, com a construção de mais moradias na região:

O VLT mudou a cara do Centro do Rio ao longo desses 5 anos e será fundamental no futuro da região, que passa por uma reutilização do território, inclusive com moradias. Ter um transporte público de qualidade na porta de casa será um atrativo muito grande pra essa reorganização

Marcio Hannas, Presidente do VLT Carioca
Canteiro de obras do futuro terminal Rodoviária do BRT TransBrasil. A ideia é levar o VLT para integrar com o BRT. Foto: Reprodução Google Street View.

No início do ano, o prefeito Eduardo Paes, anunciou uma extensão de, cerca de, 1 km a partir da Parada Praia Formosa até o Terminal Rodoviária do futuro BRT TransBrasil, cujas obras se arrastam há 7 anos. Esta foi a alternativa encontrada para que o corredor rápido de ônibus não precise chegar na região central, eliminando assim mais ônibus da Região Central, deixando apenas o VLT circulando. Tal alternativa não foi muito bem recebida pela opinião pública, já que, forçando os passageiros, principalmente da Zona Oeste e da Baixada, a utilizar o BRT e, por tabela, o VLT, pode ocorrer uma superlotação do sistema, tendo que desfazer a besteira feita.

O que esperar do VLT Carioca nos próximos anos? Não se sabe. Mas o VLT deve ser ofertado como uma opção, e não a única opção de deslocamento.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *