Dois deles foram consumidos pelas chamas, e um terceiro conseguiu ter as chamas controladas a tempo.
Foto: Reprodução Centro de Operações Rio
Parece uma daquelas notícias que são difíceis de se acreditar, mas realmente aconteceu aqui. Em menos de 12 horas, ao menos, três articulados do sistema BRT pegaram fogo no Rio. Dois deles foram consumidos pelas chamas e o terceiro teve as chamas controladas a tempo, antes que se alastrassem. Os três casos ligam o sinal de alerta e mostram o quanto o sistema, não só como o BRT, mas também o convencional, pede socorro. Veja pela ordem cronológica:
Na manhã, articulado sai do Alvorada e pega fogo
O primeiro caso do dia aconteceu na saída do Terminal Alvorada, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Um articulado de prefixo E27177B estava na linha 22 – Alvorada x Jardim Oceânico – Parador, saindo do terminal indo em direção ao Jardim Oceânico, quando as chamas começaram pela sanfona do articulado.
Num vídeo que circula nas redes sociais, o motorista tenta apagar o fogo com o extintor. Vendo que seria difícil de ser controlado, passageiros pedem para que ele se afaste do fogo, para que não viesse a sofrer queimaduras.
Segundo o Centro de Operações da Prefeitura do Rio, a calha do BRT só foi totalmente liberada nos dois sentidos somente no final da tarde.
No início da tarde, um quase pega fogo na principal porta de entrada de turistas
Já no início da tarde, um segundo articulado, prefixo E44713B, que estava na linha 42A – Madureira x Galeão (Parador) estacionado no Terminal 1 do Aeroporto Internacional do Galeão, Zona Norte do Rio, teve um princípio de incêndio.
As chamas começaram na parte do motor. Nas imagens, o motorista do ônibus age prontamente e consegue evitar que as chamas se alastrem para todo o veículo. A operação da linha 42A não chegou a ficar impactada no momento.
Em Madureira, o 3º pega fogo e trava o trânsito
Como se já não bastasse ter dois casos num dia só, um terceiro articulado do sistema, prefixo E30530C, pegou fogo na Avenida Ministro Edgard Romero, logo após a estação Mercadão do BRT. O articulado, que estava na linha 46 (Penha x Alvorada – Expresso) havia acabado de sair da estação, quando a fumaça começou a sair do articulado.
Rapidamente, as chamas tomaram conta de todo o veículo. Os passageiros conseguiram evacuar do ônibus antes que as labaredas subissem. O incêndio chamou a atenção de quem passava ou trabalhava no local. A via ficou interditada por alguns minutos, o que gerou um congestionamento pesado em toda a região do Mercadão e da Estação de Madureira.
Segundo o Centro de Operações da Prefeitura do Rio, a via chegou a ficar interditada por cerca de 1 hora, até quando as chamas foram controladas. Até o fechamento desta matéria, a carcaça do articulado permanecia na calha do BRT, fazendo com que os demais articulados desviassem para a pista de rolamento convencional.
Opinião: Casos reforçam a urgência de refazer o sistema do zero
Em nota enviada ao Jornal O Dia, a presidente da Mobi Rio, Claudia Secin, disse que a companhia irá abrir sindicância para apurar os três casos desta segunda-feira. Informou também que registrou ocorrência nas 16ª e 29ª DP (Barra da Tijuca e Madureira, respectivamente), para que os casos sejam investigados como incêndio criminoso.
Em nenhum dos três casos, não houve registro de feridos. A Mobi Rio disse, também, que irá criar uma Diretoria de Inteligência e Segurança na empresa.
A alegação de “incêndio criminoso” sustentado pela Mobi Rio vai na contramão do que os passageiros relatam nos corredores. Os três casos de hoje reforçam é a falta de manutenção que quem utiliza eles sempre pontuam.
São ônibus com o ar condicionado quebrado, superlotação, portas que não fecham corretamente, fazendo com que passageiros viajem pendurados nelas. Tudo dimensionado pela redução da frota de articulados ao longo dos anos, somado pela falta de opções concomitantes ao sistema, fazendo que o BRT seja a única opção em determinados lugares da cidade.
A Prefeitura vem prometendo somente soluções à longo prazo para melhorar o sistema como um todo (BRT + convencional), mas a falta de soluções à curto prazo agrava e muito a crise no sistema. O passageiro não suporta mais tanto descaso por parte da Prefeitura e das empresas de ônibus. Ou a Prefeitura refaz todo o sistema do zero, ou é melhor entregar o transporte público na mão das vans.