O BRT que sonhamos: Parte 1 – Transoeste
O BRT que sonhamos: Parte 1 – Transoeste

O BRT que sonhamos: Parte 1 – Transoeste

Na nova série de matérias do Portal, mostramos o que pode ser feito para melhorar a Transoeste, 10 anos após a inauguração.

Foto: Gabriel Petersen Gomes

Você vem acompanhando aqui e em todos os jornais o calvário que tem sido para passageiros que precisam utilizar o sistema BRT aqui no RJ. No ano em que sistema BRT completa 10 anos de inauguração, o Portal Flumibuss RJ inicia uma série de 3 matérias, que serão publicadas nesta e nas próximas duas sextas-feiras, mostrando um “plano de reestruturação” para todo o sistema que está em funcionamento, isto é, ainda não está sendo considerado a TransBrasil, cujas obras se arrastam há 7 aos.

Esta proposta de plano de reestruturação desenhada pelo site consiste, basicamente, em quatro pilares: manutenção das linhas atuais, retorno de linhas desativadas, integração de linhas convencionais à calha do BRT e possíveis ações necessárias para melhoria dos corredores.

No capítulo de hoje, mostramos as propostas para reestruturação do corredor Transoeste, que liga o Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, à Santa Cruz e Campo Grande, via Avenida Cesário de Melo. São propostas simples, mas que, sendo bem aplicadas, podem garantir um bom andamento do sistema.

Veja um resumo das propostas elaboradas pelo Portal Flumibuss RJ e, logo em seguida, comentários mais detalhados:

Linhas mantidas:

  • 10 – Santa Cruz x Alvorada (Expresso)
  • 11 – Santa Cruz x Alvorada (Parador)
  • 12 – Pingo d’Água x Alvorada (Expresso)
  • 13 – Mato Alto x Alvorada (Expresso)
  • 17 – Campo Grande x Santa Cruz (Parador)
  • 18 – Notre Dame x Jardim Oceânico (Expresso)
  • 19 – Pingo d’Água x Salvador Allende (Expresso)
  • 20 – Santa Cruz x Salvador Allende (Expresso)
  • 22 – Alvorada x Jardim Oceânico (Parador)

A rede atual de linhas na TransOeste é a mais regularizada perante ao cadastro da Secretaria Municipal de Transportes, ao contrário da TransCarioca (objeto da próxima parte do especial), onde a rede original foi totalmente desfigurada.

Nesta rede atual, as únicas mudanças que seriam feitas, seriam a realocação das linhas 19 e 20 para o Terminal Recreio.

Retorno de linhas:

  • SD10 – Santa Cruz x Alvorada (Direto)*
  • SD12 – Pingo d’Água x Alvorada (Direto)*
  • SD13 – Mato Alto x Alvorada (Direto)*
  • 14 – Campo Grande x Terminal Recreio (Semi-Direto)
  • 15 – Paciência x Terminal Recreio (Expresso)
  • 21 – Notre Dame x Jardim Oceânico (Parador via Alvorada)
  • 23 – Alvorada x Jardim Oceânico (Expresso)
  • 25 – Mato Alto x Jardim Oceânico (Semi-Expresso via Alvorada)

* Operação somente nos horários de pico

Os serviços diretos das linhas 10, 12 e 13 atualmente, são feitos, pelos ônibus “Diretões”, como ficou conhecido o serviço emergencial contratado pela atual gestão da Prefeitura do Rio para tentar amenizar a superlotação na TransOeste, o que não vem ocorrendo, pois, mesmo com os diretões, não é incomum ver ônibus articulados das 3 linhas superlotados, e sem ar-condicionado.

Segundo dados da Prefeitura, atualmente, existem 135 ônibus prestando suporte ao corredor Transoeste nos “Diretões” e no ramal da Avenida Cesário de Melo. Porém, existe um problema: para alugar os ônibus para operar no Diretão.

Ônibus da Braso Lisboa, que deveria estar operando em suas linhas originais, operando no “Diretão” da Transoeste.

Com exceção de toda a frota operada pela Transriver Transporte e pela Expresso Recreio, os ônibus das empresas Braso Lisboa, Pavunense, Tijuca, Redentor, Palmares, Caprichosa e Três Amigos foram retirados das linhas convencionais e destinados para o BRT, sem a desconfiança da municipalidade. O RJ2, da TV Globo, chegou a denunciar esta manobra feita pelas empresas, a Secretaria Municipal de Transportes chegou a alegar que as empresas “não estão autorizadas a reduzir a frota para alugar ônibus para operações emergenciais de apoio ao sistema BRT”. Mas a situação não mudou e nem sequer há previsão de mudar.

Linhas integradas à calha do BRT:

  • 553 (Integrada 8) – Recreio x Rio Sul (Parador via Avenida das Américas)
  • 554 (Integrada 9) – Piabas x Rio Sul (Parador via Vargem Grande)
  • SV554 (SV Integrada 9) – Piabas x Rio Sul (Parador via Estrada do Rio Morto) (Proposta de nova variante)
  • 853 – Vila Kennedy x Terminal Recreio (Parador via Estrada da Posse)
  • SV853 – Vila Kennedy x Terminal Recreio (Parador via Estrada do Mendanha)
  • 855 – Bangu x Terminal Recreio (via Campo Grande / Magarça – Parador)
  • 870 – Sepetiba x Bangu (via Campo Grande – Parador)
  • 873 – Campo Grande x Sete de Abril (Parador)
  • 883 – Bangu x Terminal Recreio (via Estrada da Cachamorra – Parador)
  • 891 – Sepetiba x Terminal Recreio (Parador)
  • 896 – Pingo d’Água x Terminal Recreio (via Pedra de Guaratiba – Parador)

Nos horários de pico, oferecer serviços expressos para as linhas acima mencionadas, exceto 873. Para 870, o serviço expresso poderá parar dentro da calha o BRT, nas estações Curral Falso, Santa Eugênia e Inhoaíba.

A integração das linhas acima à calha do BRT tem como exemplo o MOVE, sistema BRT de Belo Horizonte/MG e Região Metropolitana. Por lá, além das linhas que circulam exclusivamente dentro das calhas do BRT, há linhas de operação mista. Ou seja: o passageiro embarca no seu bairro de origem, ao chegar no eixo principal, onde existe a calha do BRT, o ônibus entra nela, possibilitando que o usuário desça na estação com segurança, podendo fazer transferência para outras linhas, e ao chegar na região central, o mesmo sai da calha novamente e vai para o bairro de destino como um ônibus convencional.

Ônibus do MOVE, BRT de Belo Horizonte/MG, parado na Estação Pampulha. A adoção deste tipo de ônibus, com operação mista, traria mais conforto e comodidade ao passageiro. Foto: Acervo Portal Flumibuss RJ.

A proposta de integração das linhas Integrada 8 e 9 é para servir de suporte aos BRT’s 18 e 21 (Notre Dame x Jardim Oceânico – Expresso / Parador); 22 e 23 (Alvorada x Jardim Oceânico – Parador / Expresso), enquanto que a 870 e 873 serviriam de suporte para a linha 17 (Campo Grande x Santa Cruz – Parador) e das demais linhas mencionadas, aos BRT’s 10 (Santa Cruz x Alvorada – Expresso), 12 (Pingo d’Água x Alvorada – Expresso) e 13 (Mato Alto x Alvorada – Expresso).

Além de servir como suporte para as linhas troncais, a extensão de linhas como 853, 855, 891 e 896 para o Terminal Recreio têm por objetivo, também, possibilitar que o passageiro possa desembarcar dentro da estação, sem a necessidade de passar novamente pela roleta, e, ao chegar na estação de destino, caso ele queira embarcar em um outro ônibus, não haveria a necessidade de desembolsar uma nova passagem, o que renderia uma economia no final do mês ou deixando de forçar o passageiro a pagar mais caro por um ônibus executivo, para conseguir ir sentado e no conforto.

Linhas extintas:

  1. 25A – Mato Alto x Alvorada (Parador) – Opção: 21 – Notre Dame x Jardim Oceânico ou 25 – Mato Alto x Jardim Oceânico (Semi-Expresso)

A redução da antiga linha 25 (Mato Alto x Jardim Oceânico – Semiexpresso via Alvorada) trouxe impactos muito negativos na operação da Transoeste, pois, além de se cortar a opção direta do Mato Alto para além do Jardim Oceânico, fez com que os passageiros tenham que se submeter à uma baldeação no Alvorada, a ponto de que tenha que usar a força para conseguir um lugar, ou arriscar a vida viajando pendurado nas portas.

Ações necessárias para melhorias do corredor:

  • Construção dos novos Terminais Santa Cruz, Mato Alto, Magarça e Pingo d’Água, para integração das linhas de operação mista, alimentadoras e troncais;

A atual gestão da Prefeitura já elaborou projetos para os 4 terminais citados, no lugar das atuais estações, que seriam demolidas. No entanto, as obras não se iniciaram.

  • Conclusão da passagem após a Estação Salvador Allende, para acomodação das atuais linhas que param na estação no Terminal Recreio, subutilizado;

Já denunciamos aqui, em 2020, o abandono das obras da passagem após a Estação Salvador Allende, que serviria como ligação entre os corredores Transoeste e Transolímpica. Caso a passagem estivesse aberta, as linhas que têm como ponto final a Estação Salvador Allende, podem ser realocadas para o Terminal Recreio, dando maior espaço para acomodação dos passageiros, já que a estação, embora seja dupla (expressa e paradora), não comporta o volume de passageiros equacionado pela quantidade de linhas que param ali.

Sem contar que, abriria possibilidade para criação de linhas vinculadas à Transolímpica e a Transcarioca que atendam o final do Recreio.

  • Troca do pavimento da calha do corredor de asfalto para concreto de boa qualidade

Este ponto dispensa maiores comentários, pois a pressa em abrir a Transoeste, há 10 anos, fez com que a manutenção dos articulados tivesse que ser redobrada, pois a péssima qualidade asfáltica acabou reduzindo, e muito, a vida útil dos articulados, o que fez aumentar, também, a quantidade de autoincêndios dado a falta de manutenção de um chassi de motor traseiro – ainda mais articulado.

No próximo capítulo da série especial, o BRT Transcarioca que queremos.

2 comentários

  1. Pingback: O BRT que sonhamos: Parte 2 - Transcarioca - Portal Flumibuss RJ

  2. Anderson Cruz

    Excelente trabalho da equipe do portal.
    Antes eu não era a favor de linhas convencionais concorrerem com o BRT, mas a forma que vocês colocaram, me fizeram refletir.
    Além de serem alimentadoras do sistema, elas também seriam linhas auxiliares em determinados trechos, equilibrando assim o volume de passageiros e evitando a super lotação, como acontece hoje com a linha 766 (no trecho entre Tanque e Madureira) e as linhas 636/353 (no trecho Merck e Campinho).
    Tive o prazer de ler a parte 2 e gostei muito.

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