O fim de uma era na Zona Norte: o encerramento da Transportes Estrela
O fim de uma era na Zona Norte: o encerramento da Transportes Estrela

O fim de uma era na Zona Norte: o encerramento da Transportes Estrela

Após 70 anos de operação, a empresa sediada em Marechal Hermes optou por fechar as portas num momento em que o transporte carioca está em colapso

O que parecia improvável, aconteceu: a Transportes Estrela, empresa que pertencia aos Consórcios Internorte e Transcarioca encerra as atividades nesta sexta-feira, 31. A empresa operava 13 linhas saindo de bairros como Vila Valqueire, na Zona Oeste, Rocha Miranda e Irajá na Zona Norte com destino à bairros da Grande Tijuca e do Centro do Rio.

Marcopolo Torino da Transportes Estrela na linha 363 durante a pandemia. A empresa é a 16ª a fechar em 5 anos, sendo a primeira a fechar durante a pandemia da Covid-19.

Na manhã desta sexta-feira houve uma reunião na garagem da empresa, em Marechal Hermes, Zona Norte do Rio, em que ficou definido os detalhes do remanejamento dos funcionários da empresa. Está confirmado que a Viação Vila Real, cuja garagem fica próxima, em Bento Ribeiro, herdará 3 linhas regulares, 1 parcial e 1 Serviço Rápido:

  • 265 – Marechal Hermes x Castelo
  • SP265 – Marechal Hermes x São Cristóvão (Circular)
  • 363 – Vila Valqueire x Candelária (via Dias da Cruz)
  • SR363 – Vila Valqueire x Candelária (Expresso – via Amaro Cavalcante)
  • 678 – Vila Valqueire x Méier (via Praça Seca / Cavalcante)

Fotos que circulam nas redes sociais mostram um ônibus da Vila Real já com as vistas das novas linhas, veja:

Ainda não há informações sobre quem assumirá as demais linhas (349, 350, 651, 652, 653 e 711), mas, segundo informações apuradas pelo Portal Flumibuss RJ, as linhas 350 – Irajá x Passeio, e 711 – Rocha Miranda x Rio Comprido passarão a ser operadas pela Braso Lisboa, ampliando ainda mais a presença da empresa no Consórcio Internorte.

Nesta sexta-feira a Transportes Estrela operou somente na 265, 363 e 678, enquanto que as linhas 350, 651, 652 e 711 não circularam. Cabe lembrar que a linha 653 – Marechal Hermes x Méier, já havia sido retirada de circulação no início da pandemia (você pode conferir a nossa lista de linhas que sumiram durante a pandemia na página do projeto #MeuÔnibusSumiuEAgora?).

Pandemia do novo coronavírus pode ter adiantado o fechamento:

A crise econômica provocada pelo novo coronavírus pode ter sido determinante para a escolha pelo fechamento da Estrela, já que havia movimentação nos bastidores para que a Estrela encerrasse as atividades, já que a empresa não recebia investimentos em frota desde 2016, quando chegaram os últimos ônibus novos, de ar-condicionado. Com as medidas de restrição impostas no início da pandemia, em Março, todas as empresas da cidade viram o faturamento cair mais de 70%, e com a Estrela também não foi diferente.

Ônibus Condor operando a linha 260, atual 363. Créditos na foto.

A Transportes Estrela nasceu em Julho em 1950 como uma empresa de lotações. Em 1963, o governador Carlos Lacerda determinou o fim das lotações, e com isso, a empresa se reorganizou e passou a operar a então linha 719, que ligava Rocha Miranda ao Parque União, que mais tarde passou a ser a linha 711 de hoje em dia.

Ao longo do tempo, as atuais linhas da empresa foram surgindo, como a 260, 651, 652 e 653. Com a licitação de 2010 e a reorganização numerária das linhas, a 260 passou a ser a 363 – Vila Valqueire x Praça XV. E com a falência das empresas a partir de 2015, passou a ser uma das potências da Zona Norte, com a absorção de linhas importantes como a 350 – Irajá x Passeio.

Transportes Estrela operando na linha 350. A linha parou de circular hoje e, por enquanto, não há previsão para retornar a circulação. Foto: Arquivo

Por causa da pandemia, as empresas de ônibus pleiteiam junto ao Congresso e Governo Federal uma ajuda para injetar recursos, na cifra de R$ 4 bilhões, já que as finanças foram severamente afetadas por causa da pandemia. Segundo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ), diz que socorro a empresas de ônibus depende de negociação com governo e que espera votar o tema na semana que vem. (Fonte: Agência Câmara de Notícias)

O cenário para os próximos meses é tenebroso, segundo fontes ouvidas pelo Portal Flumibuss, com risco real e iminente de um colapso no sistema de transporte municipal, se a Prefeitura não tomar nenhuma iniciativa. Muitas empresas farão um processo de demissão em massa e algumas poderão até encerrar as atividades. O último que apague a luz, porque todos irão perder.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *